Gilberto Velho
1945 - 2012 Gilberto Velho: intelectual, publicista* "Em 1973 foi publicado um livro curto, de aparência despretensiosa, chamado A Utopia Urbana: um estudo de antropologia social. Seu autor era um jovem intelectual, recém chegado de um doutorado nos EUA, professor do então recente programa de pós-graduação em antropologia social do Museu Nacional (RJ). Gilberto Velho começava ali uma brilhante carreira acadêmica, associada a uma antropologia urbana que ele foi pioneiro em construir no Brasil. Aquele trabalho deslocava o foco da pesquisa para o cerne urbano de uma sociedade em rápida modernização, às voltas com toda sorte de problemas sociais, com o autoritarismo político em seu ápice. Essa complexidade, essa instabilidade, exigiam um esforço de interpretação que não recorresse apenas às grandes teorias, mas fosse às pessoas, as ouvisse e tentasse compreender suas motivações e impulsos. A Utopia Urbana se baseava em entrevistas diretas e densas com os moradores de um prédio de apartamentos da frenética Copacabana, gente que se deslocara de bairros distantes para compartilhar das benesses cobiçadas da Zona Sul carioca: novas formas de lazer, de sociabilidade, de recursos diferenciados de vida. Creio que o último de seus trabalhos tenha sido um artigo ainda inédito sobre as relações entre os patrões de classe média e seus trabalhadores domésticos. Desvela aí, com o tom terno das evocações pessoais, a complexidade das tensas negociações de realidade que fazem se cruzar as diferenças sociais e culturais, o ethos econômico e religioso divergente, os confrontos entre projetos de vida e trajetórias de sobrevivência contraditórias. Ele acaba de falecer. É uma grave perda pessoal para todos os que o conhecemos; mas é sobretudo a perda de um combatente aguerrido, que, nas páginas dos jornais, nas aulas memoráveis, nos foros coletivos ou nos artigos científicos, nunca deixou de unir a competência acadêmica ao compromisso comum. Ele, que tanto estudou os projetos de vida, legou-nos o seu, próprio, como exemplo." Luiz Fernando Dias Duarte Professor do Museu Nacional / UFRJ; Vice-Presidente da Associação Brasileira de Antropologia * Texto publicado sob o título “Com morte de acadêmico, país perde combatente aguerrido” na edição de 16/04/2012 de “A Folha de São Paulo” Homenagens Publicadas: Instituições: ANPOCS - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais Associação Brasileira de Antropologia Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular CLAM - Centro Latino-Americano em sexualidade e Direitos Humanos CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Instituição Ciência Hoje Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Mostra Internacional do Filme Etnográfico Instituto Universitário de Lisboa SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência Ministério da Cultura Palácio do Planalto Colegas, Amigos, Alunos & Ex-Alunos: Luiz Fernando Dias Duarte, “Gilberto Velho e a antropologia brasileira” Revista Ciência Hoje, vol. 49, pp. 78-79. Luiz Fernando Dias Duarte, “Com a morte de Acadêmico, país perde intelectual aguerrido”. Folha de São Paulo, 16/4/2012 Luiz Fernando Dias Duarte, “Porque (e como) os sinos dobram?” Ciência Hoje Online/Instituto Ciência Hoje. Howard Becker Yvonne Maggie Aspásia Camargo Hermano Vianna Karina Kuschnir Jane Galvão Ana Cristina Zahar - “Ao Professor, com carinho”. Website da Editora Zahar Imprensa: “Gilberto Velho et les tribus urbaines du Brésil”, Le Monde, 16/04/12 |
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