A contraparte da crise: a produção do “acesso regular à água” enquanto processo de formação do Estado em Itu/SP.
A tese pretende recuperar e analisar o processo de produção do “acesso regular à água” na cidade de Itu/SP enquanto um processo de formação de Estado. Dada a entrada em campo no rescaldo da gravíssima falha de abastecimento de água na cidade ao longo de ano de 2014, recorrentemente nomeada a partir da noção de crise, a tese toma esse evento como ponto de partida para a análise das relações entre a população local e toda a rede (material, política, administrativa, jurídica) responsável pelo (suposto) fornecimento regular de água para os ituanos. O trabalho de campo, por sua vez, deixou claro que o episódio em questão, quando situado em um arco temporal e analítico mais amplo, apesar de dramático e de consequências nefastas para os moradores da cidade, podia ser tomado não como a síntese, mas como mais uma figura, entre outras tantas, que se destacam sobre um fundo mais ou menos consolidado. Esse fundo, no caso, é exatamente o da convicção do “acesso regular à água” no ambiente urbano enquanto algo naturalizado. A hipótese que proponho é a de que os meios e os processos que sustentam essa convicção estão intimamente ligadas ao modo como se estabeleceu os mecanismos de captação, tratamento e distribuição de água no ambiente urbano ituano nas últimas décadas – sendo que a evolução desses mecanismos se confunde com o próprio processo de formação de Estado.