Ocupar e resistir: uma etnografia da eco-espiritualidade quilombola na Comunidade Morada da Paz
Essa tese se desenvolve na Comunidade Quilombola Espiritual Morada da Paz, situada na cidade de Triunfo, RS. Trata-se de uma comunidade formada majoritariamente por mulheres negras que dedicam suas vidas ao trabalho espiritual “afrobudígena” – pautado pela mescla de três matrizes, a saber, o budismo tibetano mahayana, religiões de matriz africana e xamanismo mbyá-guarani -, práticas de permacultura e de educação ambiental e de valorização da cultura dos povos negros e indígenas. A questão central da tese será o modo como desenvolvem o conceito de “ocupação”, concebida como uma estratégia cosmopolítica. Ou seja, trata-se da cruza entre “ocupação” enquanto uma estratégia política utilizada pelos mais diversos movimentos sociais e “ocupação” no sentido desenvolvido pelos terreiros de Batuque do Rio Grande do Sul, modo de designar os processos de incorporação, ou seja, quando o Orixá “ocupa” o corpo do médium. Minha intenção é descrever o modo como concebem e experienciam esses processos de “ocupação” a partir daquilo de denominam “eco-espiritualidade afrobudígena”.