Do silêncio à palavra impressa: trajetórias de mulheres na imprensa lésbica brasileira

 Nesta pesquisa, proponho um aprofundamento e extensão de temas investigados em minha pesquisa de mestrado, em que realizei um levantamento (Maia, 2017, pp. 57-58) a partir de revisão bibliográfica, análise documental e entrevistas, identificando 19 títulos de publicações para lésbicas que almejavam a uma circulação periódica. Ainda nesta primeira pesquisa, entrevistei dez mulheres que participaram da produção deste tipo de material, e que me relataram as razões que as levaram a empreender e participar deste tipo de iniciativa, incluindo a importância pessoal deste tipo de conteúdo para suas próprias construções identitárias em contextos de forte repressão à homossexualidade e suas intenções de fazer o mesmo por outras mulheres. Na presente pesquisa, os títulos identificados naquele levantamento servem de base para localizar mulheres cujas trajetórias de vida foram e são atravessadas pela escrita sobre lesbianidade e sua disseminação em publicações periódicas, buscando compreender os motivos apontados como impelidores dessa fala, a participação em outras redes e ativismos que oportunizaram sua emergência, bem como as razões para que algumas delas tenham se afastado destes ativismos. Dito de outra forma, esta pesquisa busca compreender os movimentos e oscilações entre o silêncio e a fala de mulheres lésbicas em suas publicações impressas, levando em conta as articulações de seus marcadores sociais da diferença e o autogerenciamento da visibilidade da identidade sexual divergente da heteronormatividade, como colocado por Gail Mason (2002).